Texto: Hugo Rocha Pereira e Helder Alfaiate | Fotografia: Inácio Ludgero
Foi inaugurada há uma semana, na Casa da Cultura da Ericeira, a exposição “Entre Telas“, de António Casimiro, que espelha a obra de pintura realizada no Século XXI por um artista que acumula experiência numa grande diversidade de trabalhos. Conversámos com António Casimiro (pintor, cenógrafo, desenhador e figurinista) sobre o seu multifacetado percurso artístico, influências e preferências. A exposição, com selo da Helder Alfaiate Galeria, estará patente até ao dia 18 de Junho.
Tem alguma relação com a Ericeira?
Relações com a Ericeira são vagas e imprecisas como as ondas que fazem dela uma das mais belas praias da Europa.
Mal de mim se fosse “redondo”
O António é um artista multifacetado, desde a pintura à cenografia. Que áreas lhe têm dado mais satisfação ao longo da sua vida e da sua carreira?
Mal de mim se fosse “redondo”, não possuindo as arestas e agressividade inerentes à minha profissão como cenógrafo, gráfico na pia de baptismo que foi a Casa da Moeda, onde iniciei a minha actividade, ilustrador e pintor por contágio. Dizem, quem desconhece, ser a cenografia uma “arte menor”, ignorando que grandes pintores a exerceram. São ambas minhas amantes sem nenhum sentido pejorativo.
De que forma é que o seu trabalho enquanto cenógrafo influencia a sua pintura, se é que influencia?
A influência de uma com outra misturam se como todas as especiarias.
Do alto dos seus 80 anos, como vê a pintura contemporânea?
Pintura contemporânea, como a vejo ? Toda a boa pintura, como toda a Arte, é contemporânea dentro da época em que foi criada.
Na pintura abstracta contemporânea é comum as pessoas catalogarem as obras como: mais um “Rothko” ou mais um “Pollock”. O que lhe parece?
Esse tipo de catalogações são um disparate.
As obras da exposição “Entre Telas”, com abstractos e nus, são os seus mais recentes trabalhos. É um caminho para continuar?
“Entre Telas” podia ter como tema “o caminho abre-se caminhando”.
Toda a Arte é contemporânea dentro da época em que foi criada.
Fale-nos um pouco sobre a sua relação com a televisão, o cinema e o teatro.
A minha relação com a televisão, o cinema e o teatro, ainda que bem diversa, diversíssima, entrelaça-se.
Esta mostra vem na sequência de uma exposição antológica feita em Lisboa há cerca de dois anos, onde constaram desenhos e esboços de cenografia para televisão, cinema e teatro, bem como figurinos e pintura. Pode relembrá-la?
Essa dita mostra, como lhe chama, feita vai para dois anos, foi um evento proporcionado pela Sociedade Portuguesa de Autores, com colaboração do Museu Nacional do Teatro e da Dança, de alguns coleccionadores e diversos amigos. Foi muito significativa para mim porquanto revi muito do meu passado.
Não dá, na vida, para fazer marcha-atrás.
Olhando pelo retrovisor a partir dessa exposição antológia, que balanço faz da sua carreira artística?
“Olhando pelo retrovisor”… Não dá, na vida, para fazer marcha-atrás.
Que projectos tem no horizonte?
Projectos, no horizonte, são como tal infinitos numa vida finita.