Mafra vai celebrar o Dia Internacional da Mulher

Biblioteca de Mafra. - ph. DR

 

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Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, a Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra vai acolher um concerto de tributo a Dona Maria Bárbara de Bragança, figura ímpar da Música portuguesa e relevante mecenas de Arte na História Universal.

Agendado para o dia 8 de Março, a partir das 21:30, este espectáculo é promovido pelo Município de Mafra e pela Agrimútuo – Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo, contando com o apoio do Palácio Nacional de Mafra.

No monumento cuja construção resulta do cumprimento de uma promessa feita pelo Rei D. João V para garantir descendência – o que veio a acontecer a 4 de Dezembro de 1711, com o nascimento da Infanta Maria Bárbara de Bragança – será interpretado um programa temático, evocativo daquela que foi uma das primeiras mulheres compositoras portuguesas mas também da cultura musical da época.

uma das peças será interpretada por João Elias Soares, acompanhado por um quinteto de cordas constituído exclusivamente por mulheres

Do programa faz parte a peça “Concertino para Mafra”, da autoria de João Guilherme Ripper, um dos mais consagrados compositores contemporâneos brasileiros, a qual terá estreia mundial neste dia, em homenagem a Dona Maria Bárbara de Bragança e dedicada ao pianista Adriano Jordão.

Esta peça será interpretada por João Elias Soares, um dos mais talentosos pianistas da nova geração brasileira, acompanhado por um quinteto de cordas constituído exclusivamente por mulheres: Ana Pereira, no 1º violino, Ana Filipa Serrão, no 2º violino, Joana Cipriano, na viola, Catarina Gonçalves, no cello e Margarida Afonso, no contrabaixo.

Dando continuação ao programa, o evento prosseguirá com obras de compositores do Século XVIII: Carlos Seixas e Francisco António de Almeida. Estes dois músicos e Domenico Scarlatti dominaram musicalmente a corte de D. João V, tendo os dois últimos sido mestres de Dona Maria Bárbara de Bragança. O “Concerto em Lá Maior” de Carlos Seixas será interpretado pelo cravista português José Carlos Araújo e pelo quinteto de cordas, finalizando com a Cantata para soprano, cordas e contínuo “A Quel Leggiadro Volto”, de Francisco António de Almeida, com interpretação da soprano portuguesa Carla Caramujo, acompanhada por quinteto de cordas e contínuo.

Dona Maria Bárbara de Bragança era filha do Rei João V e da Arquiduquesa Maria Ana da Áustria, prima-irmã da Imperatriz Maria Teresa e também de Maria Josefa da Áustria.

Tendo recebido uma educação esmerada, Dona Maria Bárbara de Portugal falava fluentemente várias línguas. Detentora de uma apreciável cultura, era uma amante das Belas-Artes, elegendo a música como a sua preferida, sendo uma excelsa cultora, não apenas como executante mas também como compositora, tendo sido aluna do insigne Domenico Scarlatti, que lhe dedicou inúmeras sonatas para cravo.

Tendo casado com o futuro rei Fernando VI de Espanha, tornou-se rainha consorte desde 1746 até à sua morte em 1758, desempenhando um relevante papel na corte espanhola, destacando-se como mecenas das Artes, nomeadamente como protectora do mais popular e bem pago cantor de ópera da Europa, Carlo Maria Broschi, conhecido por Farinelli, e como mediadora do rei de Portugal e seu marido, entre 1746 e 1750, aquando da negociação do Tratado de Madrid, que estabeleceu as fronteiras entre as colónias portuguesas e espanholas na América do Sul.

A entrada neste concerto que pretende homenagear todas as mulheres é gratuita, mediante levantamento de ingressos nos Postos de Turismo de Mafra e da Ericeira, sendo permitidos até dois ingressos por pessoa.