Fotografia: Sérgio Oliveira
O cidadão brasileiro António Neto concedeu recentemente uma entrevista ao site Ericeira Living. Surfista desde os oito anos de idade e oriundo do extremo sul do Brasil (próximo do Uruguai), ficou rendido às ondas desta vila piscatória. Talvez pelo facto de na sua terra natal a água ser também muito fria, a adaptação ficou facilitada e é na Ericeira que afirma divertir-se nas várias condições que o mar consegue oferecer. Este surfista regular (que se posiciona na prancha com o pé esquerdo à frente) apaixonou-se pela Ericeira por ser, também, a terra das direitas perfeitas – os surfistas regulares costumam ter preferência por estas ondas, por poderem surfar de frente para as mesmas.
na Ericeira as pessoas gostam umas das outras pelo que realmente são e não pelo que têm, vestem ou conduzem
A sua história
Em 2013, António saiu do Brasil para dar aulas num surfcamp em Peniche, durante três meses. Conseguiu esta oportunidade através de um casal de amigos brasileiros que costuma passar metade do ano em Portugal e a outra metade no seu país de origem. O trabalho em Peniche estava a correr muito bem e o surfista decidiu ficar mais algum tempo, para assistir a um evento da World Surf League. Foi então que o surfcamp fechou a temporada e António se viu obrigado a procurar oportunidades noutros ramos. Telefonou a um amigo que trabalhava num restaurante da Ericeira e este ofereceu-lhe trabalho consigo. Mas a restauração e a gastronomia não eram a sua paixão e, tempos mais tarde, o surfista conseguiu trabalho numa surfshop na Foz do Lizandro, onde trabalhou por quatro anos, antes de tirar a licença de instrutor de surf.
Findo um ano e meio em Portugal, António regressou ao Brasil apenas para visitar a sua família, acompanhado da sua namorada Sarah, que conheceu em Portugal. Na última semana, antes de regressar à Ericeira, o surfista sofreu um grave acidente na água: deslocou o fémur e alguns médicos afirmaram que nunca mais poderia voltar a surfar. Insistentemente, António regressou à nossa vila e passou por uma fase muito difícil: lesionado, sem sítio para morar e sem dinheiro. Não deixou de ser paciente, lutou o quanto podia e, ao fim de oito meses, estava de regresso à água. Foi quando recuperou a cem por cento que decidiu tirar o curso de instrutor de surf.
O surf na Ericeira
Este surfista que adora versatilidade é absolutamente encantado pela onda dos Coxos. A sua forma perfeita, os tubos e as manobras que permite fazem desta onda uma das preferidas de António.
Coxos está, provavelmente, entre as melhores ondas de toda a Europa
Foi também em Portugal que António descobriu o seu amor pelas ondas gigantes. Devido à situação pandémica que se iniciou no ano passado, o surfista não pôde ir para Supertubos (em Peniche). Ficou na Ericeira e começou a pensar que gostaria de experimentar surfar ondas grandes. Embora a Ericeira não possa oferecer ondas do mesmo tamanho que a vila da Nazaré (que fica à distância de uma hora), apresenta muitas ondas de classe mundial e algumas “ondas gigantes”.
A Ericeira tem ondas grandes e de forma consistente
Também o Pico do Futuro, na Ericeira, é para António uma onda bastante desafiadora, pela sua estrutura tubular e porque quebra mesmo em frente às rochas, mas, actualmente, o surfista está viciado na onda de São Lourenço, afirmando que aquela força bruta do oceano o faz sentir incrivelmente vivo. Aqui, já chegou a surfar ondas de cinco metros.
A vila da Ericeira
É como instrutor de surf que ganha a vida e, assim que se mudou para a Ericeira, António nunca mais pensou em sair. É na Ericeira que se sente feliz, pela qualidade de vida oferecida e porque se identifica muito com os valores da vila.
“A Ericeira é o local mais completo. É super civilizada, as pessoas gostam umas das outras pelo que realmente são e não pelo que têm, vestem ou conduzem. Para além de estar estrategicamente localizada no que diz respeito ao surf”, considera António Neto.
Pode ler aqui na íntegra a entrevista original.