Fotografia: DR
Por ocasião dos festejos do dia de S. Martinho, a Câmara Municipal de Mafra promove o concerto “Romances e histórias, de ontem e de hoje”, protagonizado pelo grupo Al’Arido, no dia 12 de Novembro, pelas 21 horas, na Capela de Nossa Senhora do Monte Carmo, na Venda do Pinheiro.
Os Al’Arido unem a riqueza da música popular e tradicional à interpretação da música erudita. É no constante diálogo entre a tradição oral e o repertório escrito, bem como na exploração das suas influências mútuas, que este ensemble procura a recriação da música no nosso tempo. Para este grupo a música escrita é sempre um encontro entre o que está manifesto na partitura e aquilo que está latente e é idiomático de cada cultura ou resultante da miscigenação.
grupo une a riqueza da música popular e tradicional à interpretação da música erudita
Os Al’Arido fazem, portanto, o percurso oposto ao caminho mais linear na abordagem da Música: um trajecto quase psicanalítico, exploratório, de procura das raízes populares e pulsionais contidas de forma inegável naquilo que é um revestimento artístico formal, de erudição e elevação. Este caminho pode passar pelo ruído e por vezes pelos caos, plantando a semente para novas músicas.
O grupo apresenta-se num espetáculo intimista e envolvente, com peças exclusivamente instrumentais, temas cantados acapella e outros feitos só por mulheres, sendo compostos por Mara Marques (soprano e flauta), Susana Quaresma, (soprano e percussão), Susana Moody (alto e viola da gamba), Rui Oliveira (tenor), Pedro Morgado (baixo), André Barroso (alaúde) e Baltazar Molina na percussão.
O romance é um género fundamental na história poética e musical da Península Ibérica. Uns contam a história cultural e política dos países conhecidos, hoje em dia, como Espanha e Portugal – é este o caso de Puestos estan frente a frente, retrato de um momento fulcral na afirmação da identidade portuguesa, bem como o mito nacional d’El Lusitano. Já outros contam histórias da vida camponesa, como o Romance da Lhoba que, além de ser uma vívida evocação da ameaça do lobo para o rebanho, é oriundo da Terra de Miranda e, consequentemente, o texto é escrito em mirandês: a relação desta língua com o asturo-leonês demonstra bem a ligação cultural e histórica entre terras lusas e o país vizinho.
peças instrumentais, temas cantados acapella e outros compostos só por mulheres
Este é, então, um estilo poético que conta a história não só de um povo nem de um país, mas de uma região peninsular que contém vários povos, diversas mitologias, ricas tradições culturais, poéticas, religiosas e políticas, e a extensão dos mesmos à América Latina. É uma maneira de ir ao encontro da enorme diversidade cultural e espiritual daqueles que vivem na realidade que José Saramago chamou “jangada de pedra”.
O alinhamento deste espectáculo é o seguinte:
- Puestos estan, frente a frente – Miguel Leitão de Andrada 1629
- El Rey Nimrod – trad sefardita, séc. XVIII, arr. Ivan Moody
- Entre dos álamos verdes – Juan Blas de Castro, Lope de Vega
- Cantigas do maio – José Afonso, arranjo Eurico Carrapatoso
- Como poden per sas culpas – Cantiga Santa Maria 166, Alfonso X, séc. XIII
- Romance da Lhoba – trad. Trás-os-Montes, letra em mirandês
- La molinera – trad. Trás-os-Montes, arr. André Barroso
- Las morillas de Jaén – trad. espanhola, séc. XV
- Alfonsina y el mar (zamba) – Ariel Ramirez, Félix Luna
- Romance de Mariana – trad. portuguesa
- Recontos de Mariana – letra Amélia Muge, sobre melodia tradicional e arr. Rui Silva
A entrada é gratuita e está sujeita à lotação do espaço. Qualquer outra informação sobre o espectáculo pode ser obtida através do contacto telefónico +351 261 818 348.