Fotografia: José Guerra
O Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) vai realizar acções de formação para surfistas sobre salvamento e suporte básico de vida a banhistas, com o objectivo de reduzir os acidentes nas praias, anunciou a entidade na quinta-feira.
A primeira acção de formação do projecto “Surf Salva” aconteceu no domingo passado na praia do Paraíso, Costa da Caparica, e contou com a presença de David Szpilman, referência mundial em salvamento aquático e director da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático. A AZUL procurou contactar o ISN da Ericeira, bem como a respectiva sede nacional, para obter informações sobre se a vila receberá alguma acção de formação de surfistas, mas não obteve qualquer resposta até ao momento.
“Surf Salva”, que conta com a parceria da Federação Portuguesa de Surf, pretende “dotar os surfistas e praticantes de bodyboard, que fazem a modalidade em praias não vigiadas, de conhecimentos de salvamento, de suporte básico de vida, sobre como rebocar a vítima para terra ou o que fazer quando chegam a terra com a vítima consciente ou inconsciente”, disse à agência Lusa o comandante do ISN, Nuno Galhardo Leitão.
Dados do ISN revelam que, no ano passado, foram registados 80 salvamentos de banhistas por surfistas e 12 mortes nas praias, das quais 10 aconteceram em praias sem vigilância e duas em praias vigiadas.
“Este projeto poderá aumentar o salvamento e a garantia de segurança nas praias não vigiadas, onde não há uma vigilância eficaz, e reduzir o número de mortes e acidentes nas praias”, estimou o comandante.
Nuno Galhardo Leitão explicou que o projecto surge numa altura em que se aproxima uma época balnear particularmente difícil para a vigilância e salvamento marítimo, devido às alterações nos fundos das praias e o aparecimento de agueiros e correntes outrora não existentes.
Já o presidente da Federação Portuguesa de Surf, João Aranha, em declarações à Lusa, destacou a importância de “um projeto meritório que vai dotar as praias de mais mãos a salvar, o que é fundamental”. “Não se trata apenas de ter conhecimento e meios para tirar alguém da água, mas de conseguir avaliar o estado da vítima”, sublinhou, considerando que se trata de uma “lacuna” para a comunidade do surf, composta por 150 mil praticantes, que frequentam as praias de Verão a Verão.
O ISN conta realizar 50 acções de formação, com 60 participantes cada, junto das três centenas de escolas de surf espalhadas pelo país, tendo os instrutores de surf como público-alvo.