Texto: Américo Gaspar | Fotografia: AZUL
As Festas em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem, que terminaram ontem, celebram a Padroeira dos Pescadores da Ericeira. Como forma de também prestarmos homenagem à vila, às gentes do mar e a quem as protege em todas as horas, dando-lhes “fé e coragem”, publicamos um poema com autoria de Américo Gaspar, que este ano foi responsável pela letra da Marcha Popular Jagoza.
Senhora da Boa Viagem
Dos pescadores padroeira.
Tanta lágrima, tanta dor,
Tanto mar p’ra navegar
Neste azul da Ericeira.
Não faltes à nossa festa
Não há outra como esta.
Tem ruas engalanadas
Cheiro a sardinha assada
Com farturas todo o dia
A maré estará vazia
Com odores de maresia
Pronta para navegar.
O mar espelha a lua
Toda a gente vem p’ra rua
Beber do aroma intenso
Que nos vem do mar imenso
Onde há fogo de artifício
Com ‘estralinhos d’avoar’
Antes da festa acabar.
Homens na faina do mar,
Mulheres em terra a rezar
Rogando a Nossa Senhora
Bom regresso e boa hora
E bom peixe p’ra grelhar.
Minha Santa Senhora!
Com tanto mar a teus pés
Sê a nossa companheira
P’ra navegar e pescar
Nestes mares da Ericeira.
Tanta dor para chorar
Tanto perigo e canseira
Quantas mortes a lembrar
Nas ondas da Ouriceira!
Senhora da Boa Viagem,
Dá-nos mais fé e coragem.
Traz bons ventos e marés
Quando formos para o mar.
Ventos de ir e voltar
Ventos de boa feição
Sem dores e sem tormentos
Nem choros e contratempos.
Olha Senhora:
Para manter a tradição
Quando a noite chegar
Faremos dum barco o altar
E vamos em procissão
Orar pelos que ficaram
E não puderam voltar
Aquém da rebentação.
