Fotografia: Arquivo da família de ‘Zé Mosca’
Em Agosto a Junta de Freguesia da Ericeira prestou homenagem a ‘Zé Mosca’, na sua Praia do Algodio, com a instalação dum painel evocativo. Fomos conversar com descendentes do primeiro concessionário da zona balnear também conhecida como Praia do Norte, deixando abaixo um apanhado das reacções e informações colhidas junto da filha Dulce Gregório e dos netos Olga Gaspar e Pedro Gaspar, que receberam esta homenagem com muita satisfação, orgulho e surpresa.
Nascido em 14 de Janeiro de 1928, José Félix da Silva Gregório foi banheiro e, mais tarde, concessionário do primeiro bar de praia do Algodio ao longo de 52 anos, entre 1944 (com apenas 16 anos de idade!) e 1996.
De acordo com Dulce Gregório, naqueles tempos a Praia do Algodio apresentava um ambiente familiar, com uma paisagem magnífica: bastantes rochas, areia e muitas barracas que ficavam de noite armadas. A sua filha Olga acrescenta que «não havia a estrada que há hoje e havia rocha até as arribas. O primeiro bar que o meu avô construiu foi feito no cimo das duas “pampas” e ele construiu uma escadas em madeira para os banhistas terem acesso à praia. Todos se conheciam, os banhistas que vinham todos os anos para o mesmo toldo ou barraca deixavam os seus pertences ao fim do dia no bar do ‘Mosca’ e no dia seguinte de manhã já os tinham na sua barraca ou toldo. Serviam-se almoços para quem pedisse no dia anterior (por exemplo, a caldeirada do ‘Mosca’, que era uma caldeirada de cabozes e navalheiras), tudo apanhado no próprio dia ou na véspera na mesma praia e pelo próprio.»
a ligação à praia do Algodio haveria de prolongar-se até ao seu falecimento
Ainda de acordo com a neta, «José Félix era uma figura carismática da vila. Era uma pessoa reservada e muito simples, desde crianças a jovens a mais velhos gostavam do “Zé Mosca”, que não fazia distinção com ninguém – tanto servia marisco a ministros como a pessoas que não conhecia. Para mim (e todos os restantes netos) foi aquele “super avô”».
A ligação de “Zé Mosca” à praia do Algodio haveria de prolongar-se até ao seu falecimento, em 1996, com 68 anos. “O meu pai defendeu aquela praia com muito fervor”, afirma a filha Dulce Gregório.
Esta conexão perpetua-se ainda hoje, nos seus descendentes.
“Foi ele que me ensinou tudo sobre correntes e marés… basicamente, ensinou-me a ler o mar”, partilha Pedro Gaspar. O neto afirma que esta herança se encontra ainda hoje bem viva na sua profissão “de homem do mar, marinheiro da marinha mercante.”
Já para a neta, essa herança deixou sempre o “bichinho” de um dia “voltar” à sua praia ou quintal, como costuma dizer desde pequenina. “Sou comerciante, mas gostava de voltar à exploração da concessão da praia do Algodio, era um sonho que ela voltasse à família como antigamente.”
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