Texto: João Franco ‘Lapina’ | Fotografia: DR
Lembro-me da labuta na altura do peixe-espada
Das vetustas traineiras e a enviada a aportar!
Desse nosso mar com peixe em camada
A azáfama da lota lotada e a gente a falar
Sadias peixeiras e seus pregões brejeiros!
Os sinaleiros no cimo do forte a pressagiar
Lancha a adornar a companha em berreiros!
Safar paineiros e, num raso, para terra aproar!
Lembro-me da praça de legumes a abarrotar!
O zurrar dos burros das saloias de cedinho
Do abafado e eduardinho para aconchegar
E no jardim o chilrear de um passarinho!
Tenho em mente o quão feliz a gente era
E ai quem me dera na minha ribeira nadar
Armar à costela, roubar fruta na Primavera
E na garupa de uma lídima quimera cavalgar!
Recordo um poente de penetrante escarlate
O tocar do sino a rebate, uma ténue neblina
Um veleiro à bolina num mar cerúleo mate
O final arremate na minha dilecta ericina!