Um Campeão para a História

Tiago Pimentão - ph. DR

 

Fotografias: DR e João Rosado

 

Tiago Pimentão sagrou-se campeão nacional de dropknee na etapa prime do Bodyboard Pro Tour realizada na Ericeira há duas semanas. Este feito acaba por ser duplamente histórico: ao carácter inédito da atribuição de um troféu nesta categoria junta-se o facto de estarmos perante o primeiro título nacional de bodyboard conquistado por um atleta que representa o Ericeira Surf Clube (ESC). Após Filipe ‘Cabrela’ Raposo ter ameaçado a conquista do título máximo do bodyboard Open para a Ericeira, eis que a sala-de-troféus do ESC fica enriquecida por via dum bodyboarder que, embora não vivendo na Ericeira, representa as suas cores e a sente como “segunda casa”.

 

Para quem não te conhece, fala-nos da tua ligação à Ericeira.

A minha ligação à Ericeira já vem desde puto, quando estudava na Venda do Pinheiro. Conheci na Malveira o grande Miguel Canário e o Rui Bonacho e desde aí comecei a conhecer todos os picos e mais algum a que eles me levavam a surfar. Foi desde essa altura que ganhei a paixão pela Ericeira.

 

É por causa dessa ligação que és atleta do ESC mesmo não morando na Ericeira?

Ora nem mais, é mesmo por essa ligação e por tudo o que passei de bom e mau na Ericeira. Já fui muito feliz aí como já tive dos maiores desgostos da minha vida, perdas e cenas assim.

Este ano tem-me estado tudo a correr na perfeição

Onde moras actualmente e por onde costumas surfar mais?

Moro no Baleal, costumo surfar por aqui, um pouco por todo o lado. Esta é uma zona em que basta jogar com os ventos e escolhemos o pico certo. O Baleal (Peniche) tem várias costas e, como tal, para mim torna-se um dos melhores spots para viver, não só devido a isso como também ao sossego da zona.

 

Quais são as tuas ondas preferidas na Ericeira?

Bem, na Ericeira tenho vários picos de eleição. Destaco o Reef, Pedra Branca, Escadinhas, Calada e por aí fora… há muito boa escolha.

 

Os teus amigos Rui Bonacho e o falecido Miguel Canário tiveram influência no facto de te dedicares ao dropknee? E quais são os riders que mais admiras e te influenciam?

Sim, é verdade, esses dois meus grandes amigos tiveram influência porque quando cheguei à Ericeira já fazia dropknee e fui conhecer logo dois manos que também partiam tudo nesse estilo, e a partir daí foi sempre a picar-nos uns aos outros e fomos evoluindo bastante. Actualmente, quem admiro muito é o Nuno “Batata” Leitão: anda muito em dropknee e para mim é um dos melhores do mundo e um grande amigo também.

Tiago Pimentão - ph. João Rosado

Foto: João Rosado

Fala-nos um pouco do percurso que te trouxe até este título nacional.

Tenho corrido tudo o que há em Portugal no dropknee. Comecei com os regionais da Costa de Caparica, onde fui campeão dois ou três anos seguidos, depois comecei a arriscar nos mundiais em Sintra, em que até nem me tenho dado mal: há três anos que lá vou e este foi o que me correu melhor, atingindo os quartos-de-final. Aliás, este ano tem-me estado tudo a correr na perfeição: primeiro ganho o campeonato de dropknee na praia do Magoito, depois fiquei nos quartos do mundial, uma sensação brutal que me deu mais garra e motivação para chegar ao nacional e alcançar o 1º lugar, o que foi a concretização dum um sonho.

 

Teve um sabor especial seres consagrado campeão na tua “segunda casa”?

Como é normal, quem não gosta de se consagrar campeão onde se sente em casa?!

 

Pensas que este título te pode abrir outras portas?

Este título é importante, mas acho que não é só o facto de ter sido campeão nacional que me possa abrir portas, mas sim o percurso e evolução que tenho tido ao longo deste ano.

Tiago Pimentão - ph. João Rosado

Foto: João Rosado