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“Nós entrámos mais tarde [no mercado] do que outros hostels no mundo, portanto, já surgimos noutro patamar, já sabemos o que há para trás”, justifica Cláudia Nunes, gerente do The Wave Hostel, na Ericeira, a propósito da nomeação de dois hostels portugueses como os melhores do mundo. “Por outro lado, o facto do público português não estar muito preparado para um conceito de hostel faz com que tenhamos de ter serviços que reflictam a essência do público português para o atrair.” Luís Duarte, do Ericeira Hostel, prefere destacar a diversidade nos serviços prestados pelos hostels como um factor que os diferencia da concorrência. “No nosso caso, oferecemos alojamento, restaurante, barbecue e aulas de surf.”
Home Lisbon Hostel, em Lisboa, e Tattva Design Hostel, no Porto, conquistaram os 2014 Hostel Awards, os óscares dos hostels atribuídos pelo portal internacional Hostelworld, nas categorias de melhor hostel do mundo de média e grande dimensão, respectivamente. Os resultados foram calculados com base nas classificações e críticas atribuídas pelos hóspedes no motor de busca de alojamentos. Na lista de 10 melhores hostels de média dimensão, sete são portugueses. “O sector dos hostels arrancou tarde em Portugal, e quando arrancou já foi com um patamar superior de qualidade. Por isso é que se notam algumas diferenças para os outros hostels no resto do mundo e de uma forma geral os nossos hostels são muito bons”, conclui Cláudia Nunes.
Luís Duarte, que além de gerir o Ericeira Hostel tem ainda associado a este a Tasca da Boa Viagem e a Ericeira Surf School, sublinha que a estratégia para atrair clientes consiste em garantir um conforto semelhante ao de casa. “A nível turístico, temos de abrir o hostel de forma a que se sintam em casa e criar amizades. Por exemplo, nós temos clientes anuais, estão cá todos os anos, até deixam cá as pranchas.”
Apesar do sucesso dos hostels portugueses, reflectido pelos prémios que têm recebido nos últimos anos, o sector ainda se queixa da falta de promoção e divulgação por parte das entidades públicas ligadas ao turismo. “Só agora é que [as entidades públicas] começaram a dar atenção aos hostels e hotéis, porque acabou o ano, olharam para os números e o sector do turismo foi aquele que cresceu e não se ressentiu”, justificou. Contudo, Luís Duarte alerta para a existência de alojamentos que se entitulam “hostel” quando, na realidade, são um conceito diferente. “Acho que temos que definir o que é “hostel”. Por exemplo, aqui na Ericeira, acontece quem use o nome “hostel” e depois têm apartamentos. Estão a queimar o nome do sector e a enganar os clientes.”
O aumento de 8% nas dormidas de turistas estrangeiros em 2013, ano em que o sector bateu recordes de receitas, também contribuiu para a boa prestação dos hostels portugueses no Hostel Awards, galardão que têm vindo a conquistar desde 2009.
