Fotografia: Viral Agenda
No próximo Domingo, dia 29 de Outubro, a Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, na Ericeira, vai ser palco de um evento literário. Às 16 horas, um grupo de autoras apresenta o livro “Exílios no Feminino – sete percursos de luta e de esperança”, um trabalho que representa não só uma antologia de histórias, mas também uma tentativa sincera de trazer à tona narrativas esquecidas e negligenciadas.
O evento é promovido por Amélia Resende, uma das autoras, prometendo ser uma celebração da literatura e da história.
A obra “Exílios no Feminino” teve início antes da pandemia da COVID 19, quando um grupo diversificado de mulheres se reuniu pela primeira vez numa esplanada no Campo Grande. Neste encontro inicial muitas delas ainda não se conheciam pessoalmente, mas envolveram-se rapidamente em conversas e trocas de ideias sobre o projecto que as unia: a escrita de um livro que explorasse o tema do exílio.
dar voz a algumas mulheres e trazer à tona as suas experiências, quebrando o silêncio que cercou as suas histórias por muito tempo
A proposta de um livro sobre o exílio despertou o interesse das autoras, já que este tópico tinha sido, em grande parte, negligenciado na história da resistência ao regime fascista do Estado Novo em Portugal. O que torna este projecto ainda mais notável é o foco nas mulheres que, muitas vezes, desempenharam papéis cruciais como companheiras de refugiados políticos, desertores e refratários, mas cujas histórias foram amplamente ignoradas.
Ao dar voz a essas mulheres e trazer à tona as suas experiências, “Exílios no Feminino” procurar quebrar o silêncio que cercou as suas histórias por muito tempo. Afinal, por que razão deveriam essas histórias tão importante permanecer no esquecimento?
O livro foi escrito por sete autoras: Amélia Resende, Beatriz Abrantes, Fernanda Oliveira Marques, Helena Cabeçadas, Helena Rato, Irene Flunser Pimentel e Maria Emília Brederode Santos. A diversidade de abordagens apresentada nos textos representou um desafio significativo para Amélia Resende, que teve a tarefa de compilar as narrativas completas numa única obra coerente.
uma oportunidade de mergulhar nas vidas de mulheres que desafiaram o status quo durante o regime fascista em Portugal
No entanto, essa tarefa desafiante permitiu que o livro se destacasse como uma obra não convencional no género de memórias e histórias de vida. A liberdade dada à editora para organizar os conteúdos de acordo com critérios próprios demonstrou a generosidade das autoras e a sua confiança na visão única que Amélia Resende tinha para o projecto.
Através de diálogos e interacções regulares com as autoras, Amélia conseguiu criar uma obra que não só homenageia o passado, mas também fornece percepções valiosas para o futuro.
“Exílios no Feminino” é mais do que um livro; é uma oportunidade de mergulhar nas vidas de mulheres que desafiaram o status quo durante o regime fascista em Portugal, arriscaram muito e fizeram História de uma forma silenciosa, mas impactante.