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A 5 de Outubro de 1910 foi proclamada a Implantação da República em Portugal, depois da vitória da revolução. Nesse dia, a família real já estava reunida no Palácio de Mafra e é na Praia dos Pescadores, na Ericeira, que poucas horas após a proclamação da República embarca no iate Amélia, ainda com destino desconhecido.
Conta o escritor Raul Brandão, no seu livro “Memórias II”, baseado em testemunhos da época, que D. Manuel, lívido, «num gesto maquinal tirava e metia os anéis nos dedos», «sucumbido sobre um sofá de ramagens (…) num choro convulso»; já D. Afonso, «mostrando, aos que o acompanharam até ao fim, uma carteira com duzentos mil réis: “É o que levo…”»; e a Rainha-Mãe, Dª Maria Pia, embarcando «sem uma palavra nem um protesto. Embrulhada no xaile, mais alta e mais magra, parecia sonâmbula, com um grande pão, que nunca quis largar, metido debaixo do braço – ela que nunca soube o valor do dinheiro»; Só Dª Amélia conservava o sangue-frio, o raciocínio e a autoridade, ordenando: «– Vá para aquele automóvel… tu para ali – E alto, decidida: – Só vão comigo os que me foram fiéis. – E voltando-se para alguém acrescentou: – Por sua causa e por causa de outros tais é que nós chegámos a isto.»
O Rei faz saber que pretendia rumar ao Porto, mas com a chegada da notícia que a revolução republicana também vingara no Norte do país, o iate Amélia navegaria em direcção a Gibraltar. Durante o exílio em Inglaterra, o Rei Dom Manuel II ainda apoiou várias tentativas para a restauração da Monarquia.
Dom Manuel II, o derradeiro Rei de Portugal, viveria o resto dos seus dias no exílio em Inglaterra, vindo a falecer em Londres a 2 de Julho de 1932, com 42 anos.