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O Museu Nacional da Música (MNM) está a passar por um processo de transformação que ampliará significativamente a sua colecção de instrumentos musicais em exibição. O director do museu anunciou recentemente que o MNM duplicará o número de instrumentos disponíveis ao público, passando de 250 para 500, quando se mudar para o Palácio Nacional de Mafra. Esta expansão é um marco importante na história do museu, permitindo-lhe explorar de forma mais abrangente a riqueza da música ao longo dos séculos.
A mudança do MNM para o Palácio Nacional de Mafra oferece uma oportunidade única para repensar a disposição e a apresentação da sua colecção. Segundo o director, a nova exposição representa “uma reflexão muito profunda sobre o que é a colecção e a sua história”. A intenção é apresentar não apenas instrumentos musicais, mas também contar a história da música em si, usando os instrumentos como veículos para esta narrativa enriquecedora.
colecção contém instrumentos do principal colecionador do museu, Michel Angelo Lambertini
Uma das características mais notáveis da futura exposição será a maneira como esta mostra apresentará os instrumentos e a própria música em contextos diversos. Os visitantes terão a oportunidade de explorar diferentes tipos de práticas musicais, graças a núcleos dedicados à música popular, à música de corte e à música usada em contextos militares. Esta abordagem promete uma experiência envolvente e informativa para os amantes da música e curiosos interessados na evolução da música ao longo da História.
Além disso, a nova exposição do MNM também destacará a importância do coleccionismo musical. A colecção integrará instrumentos do principal colecionador do Museu, Michel Angelo Lambertini, o que ajudará a contar a história do coleccionismo de instrumentos musicais. Esta perspectiva única fornece uma visão fascinante da paixão e dedicação que muitos indivíduos têm pela preservação e apreciação da música.
Uma curiosidade interessante é a inclusão de instrumentos antigos falsificados na exposição. O diretor explicou que essas peças são “interessantíssimas” porque foram criadas por um italiano que se valia de pedaços de instrumentos históricos para construir as próprias réplicas. Estas falsificações, embora obviamente não autênticas, revelam um aspecto peculiar da história do coleccionismo e do desejo de replicar a beleza e a funcionalidade dos instrumentos musicais clássicos.
Antes da grande inauguração no Palácio Nacional de Mafra, prevista para Outubro de 2024, os instrumentos do MNM passarão por um processo de limpeza e restauração. Isto representa um investimento significativo de 300 mil euros, demonstrando o compromisso do Museu em preservar estas preciosidades musicais para as futuras gerações.
Infelizmente, para acomodar este importante trabalho de restauração, o Museu terá que fechar as suas actuais instalações, na estação do metropolitano do Alto dos Moinhos do Metropolitano, em Lisboa. No entanto, essa breve interrupção será compensada com uma experiência musical ainda mais rica e imersiva quando o Museu Nacional da Música reabrir as suas portas no Palácio Nacional de Mafra.
O diretor esclarece ainda que a colecção está “muito mal estudada” e que a pesquisa que decorre é uma oportunidade única para preencher essa lacuna de conhecimento. Para construir um percurso expositivo significativo é fundamental ter uma compreensão científica sólida dos instrumentos e do seu contexto histórico e cultural.
a colecção integra instrumentos notáveis
As obras de mudança para o Palácio Nacional de Mafra já estão em curso desde Julho. Esse projecto ambicioso, com um orçamento de seis milhões de euros, é financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência. Esta transferência para um local mais espaçoso permitirá ao museu exibir adequadamente uma das colecções de instrumentos musicais mais ricas da Europa, que atravessa um extenso período temporal, entre os séculos XVI e XX.
A colecção integra instrumentos notáveis, como o cravo Taskin, construído sob encomenda do rei Luís XVI de França em 1782, o violoncelo Stradivarius, que pertenceu ao rei Luís de Portugal, e o piano utilizado pelo célebre compositor e pianista Franz Liszt durante a sua digressão em Portugal, em 1845. Além disso, os cravos Antunes, datados de 1758 e 1789, são considerados verdadeiros tesouros nacionais. O museu também abriga diversos espólios documentais e colecções fonográficas e iconográficas de grande importância.