Instituições guardiãs denunciam atentados na Reserva Mundial de Surf da Ericeira

 

Fotografia: DR

 

Recentemente, a SOS – Salvem o Surf e a AABC – Associação dos Amigos da Baía dos Coxos, duas das instituições guardiãs da Reserva Mundial de Surf da Ericeira (e membros do respectivo Conselho Restrito do Conselho Municipal de Gestão, juntamente com o Ericeira Surf Clube e a Câmara Municipal de Mafra) questionaram a APA – Agência Portuguesa do Ambiente sobre a legalidade de duas ocorrências no interior da Reserva, tendo em conta que as mesmas configuram atentados contra importantes valores paisagísticos e ambientais do domínio público.

Em comunicado enviado aos órgãos de comunicação social, estas duas associações defendem que em ambos os casos a vegetação natural das arribas, mediterrânica e atlântica, típica da costa Oeste foi arrancada. A fauna local perdeu o seu sustento. Nas praias e caminhos da Reserva, ainda é habitual vislumbrar os famosos lagartos sardões verdes e vermelhos, cobras, salamandras, aves de rapina, entre outras espécies, mas a com a repetição destas graves ocorrências as mesmas irão desaparecer.

No primeiro caso, visível na imagem de destaque deste artigo, está a ser urbanizada uma zona do vale da praia dos Coxos por proprietários que, para aumentarem a altura das casas, estão a construir muros de pedra com mais de dez metros de altura, descaracterizando completamente o vale.

Ribeira d'Ilhas e Cavalinho - ph. DR

No segundo caso, no terreno do Cavalinho, contíguo à praia de Ribeira d’Ilhas, considerada a “sala-de-visitas do surf português” – foto acima –, o proprietário desmatou vários hectares de terreno, vedando também os acessos e caminhos naturais, onde antes passeavam trekkers, deixando apenas 15 metros de passagem até ao topo da falésia, destruindo a fauna e flora naturais.

A SOS e a AABC aguardam pela resposta sobre a ilegalidade ou legalidade de tais obras, que prejudicam o valor natural e turístico da reserva, pois mesmo que os proprietários sejam obrigados a renaturalizar os terrenos irá demorará muito até ao ecossistema original recuperar completamente.

As duas entidades terminam o comunicado reforçando que “a preservação da natureza é um pilar essencial da Reserva Mundial de Surf da Ericeira, única na Europa e estratégica para Portugal. É importante que sejam criadas ferramentas legais para impedir que o interesse público possa ser lesado desta forma.”

Em Junho deste ano foi aprovado o Plano de Gestão da Reserva Mundial de Surf da Ericeira.

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