Texto: Hugo Rocha Pereira | Foto: Graziela Costa / Restart
Os Groove4tet vão encerrar hoje a série de concertos de Outubro do bar Jukebox. Trazem música instrumental (do jazz ao funk) e devem rodar algumas malhas novas. Falámos com o guitarrista Fred Martinho sobre o sucessor de “Do the Right Thing”, para o qual lançaram uma campanha de crowdfunding, e de afinidades musicais. O Dia de Todos os Santos pode já não ser feriado, mas o G4tet prometem uma noite memorável para quem sair de casa mais logo. E também é possível que toquem mascarados, ou não fosse noite de Halloween.
Falem-nos um pouco do álbum que estão a preparar.
Os ingredientes deste disco são os mesmos do primeiro, mas a receita é outra. Continuamos a fazer música instrumental, privilegiamos a improvisação e o espontâneo dentro de um ambiente controlado e tocamos canções que contam uma história sem utilizar as palavras mas sim o imaginário de cada um. O processo de gravação é que está a ser diferente: para o disco “Do the Right Thing” gravámos tudo em três dias, para este já fizemos duas sessões durante os últimos dois verões e ainda nos falta uma última antes da mistura e masterização, o que permite ouvir os temas com um distanciamento suficiente para corrigir ou não o que já foi gravado. O título ainda é uma incógnita, mas já há algumas sugestões em cima da mesa. O Pedro Pinto (contrabaixista) é perito a dar nomes, não tenho dúvidas que vai sair algo à altura do disco.
Vocês já colaboraram com alguns músicos sonantes. No próximo álbum contam com convidados?
Essas colaborações ocorreram todas em concertos, é isso que nos caracteriza, somos uma banda que surpreende ao vivo. Demos um concerto incrível com o pianista nova iorquino Sam Barsh, que foi gravado e está disponível no nosso site. Podem ir à secção goodies e sacar gratuitamente. Em relação ao próximo disco, além de contarmos com o quinto elemento não oficial de G4tet , o saxofonista Zé Maria, vamos ter também o Jeffrey Davis no vibrafone. Já tivemos a oportunidade de tocar com ele ao vivo várias vezes e entendemo-nos muito bem, ele é um génio e um trabalhador imparável no seu instrumento. Um dos temas chama-se ” Odd boy” e parece que foi escrito para vibrafone. Como o Jeffrey é um odd boy, assentou que nem uma luva.
Estão a promover uma campanha para a gravação deste disco. Em que consiste e quais são as recompensas para os fãs participantes?
Como tantos outros artistas, resolvemos lançar uma campanha de crowdfunding através do site PPL. O objectivo é muito simples: angariar dinheiro para acabar de gravar o segundo álbum. É um recurso muito honesto e que aproxima o artista dos fãs. É o conceito “power to the people” da época moderna, que precisa de se estender a outras áreas… mas isso é outra conversa. Se os fãs querem, investem, fazendo a pré-compra de um produto no qual acreditam e, como em qualquer compra, recebem um produto proporcional ao dinheiro investido. Tentámos fazer recompensas que pudessem ser aliciantes para grupos: por exemplo, o patamar mais alto de investimento que temos disponível são 600€, que para uma pessoa só é uma brutalidade, mas para um grupo já não é assim tão pesado, tendo em conta que se forem quinze pessoas, por 40€ cada uma recebe o disco físico e digital, acesso à festa de lançamento, agradecimentos personalizados no disco, entradas gratuitas para sempre nos concertos de G4tet e um concerto privado nosso… Nada mau por 40€, e já tivemos uma entrada dessas. Os outros patamares de recompensa podem ser vistos na página da campanha.
Este concerto no Jukebox integra a tour Get Paid and Start Saving? Querem deixar alguma mensagem para o pessoal que gostaria de ir, mas está hesitante por trabalhar amanhã?
Prometemos começar a horas, prometemos sermos intensos e directos ao assunto para que toda a gente possa usufruir e estar em casa a horas de repousar. E também é possível que estejamos mascarados. Quanto mais gente, maior a energia e mais memorável será a noite. E, sim, este concerto faz parte da tour Get Paid and Start Saving, em que todos os concertos que dermos durante o período da campanha de PPL vão reverter para o nosso próximo disco.
Vocês são uma banda instrumental que faz do groove a maior arma, navegando entre os ritmos do funk, soul, rock e jazz – existem alguns pontos de contacto com Orelha Negra, por exemplo?
Temos afinidade com alguns elementos de Orelha Negra: o baixista Francisco Rebelo está apontado como um dos candidatos à mistura do nosso disco, o João Gomes também é um amigo da banda, o Sam já rimou connosco, o Fred é irmão do Sensi, com quem também já tocámos. Portanto, nem que seja por ai há um contacto. Mas acho que, apesar de instrumentais – e fico muito feliz por ver o público português reagir positivamente a música instrumental –, são dois projectos distintos.