Fotografia: DR
O fotógrafo brasileiro Rafael Saldanha embarcou numa jornada emocionante para resgatar as raízes históricas dos pescadores artesanais provindos da Ericeira, conectando as tradições do Brasil e de Portugal num projecto fotográfico. Este projecto, intitulado “Raízes”, é um livro composto por 128 imagens e celebra os 200 anos da colónia portuguesa Nova Ericeira, estabelecida no litoral norte de Santa Catarina, mais especificamente em Penha.
Dedicado à fotografia há mais de uma década, Rafael Saldanha conquistou um total de quatro prémios e diversas menções honrosas ao longo da sua carreira, destacando-se no cenário artístico e documental. Agora, com “Raízes”, o fotógrafo mergulha numa experiência reveladora, na qual resgata a rotina dos pescadores artesanais da Nova Ericeira, tanto no Brasil quanto em Portugal, tecendo os laços existentes entre as origens de comunidades colonizadas por imigrantes.
a tradição da pesca artesanal com fortes laços com as origens jagozas
O livro fotográfico, composto por 128 imagens, tem como objectivo proporcionar uma imersão na cultura e história desses trabalhadores do mar. Uma parte das fotografias, 36 no total, foi já apresentada Penha, Santa Catarina, e em Curitiba, no Paraná. Esta exposição é uma oportunidade de familiarizar o público com a vida no mar, já que as imagens são impressas em tecido.
“Optei por esta impressão para remeter às velas dos barcos dos antepassados. Além disso, as fotografias ficarão expostas em redes de pesca numa estrutura de bambu, para trazer toda essa ligação”, explica Saldanha.
“Raízes” teve início em 2012, quando o fotógrafo entrou em contacto com os pescadores de Penha, que mantiveram a tradição da pesca artesanal com fortes laços com as origens portuguesas. A experiência de Saldanha tornou-se cada vez mais reveladora, e em 2017 expandiu a sua pesquisa para as comunidades de origem portuguesa.
projecto destaca a ausência da participação dos mais jovens nas tradições
O projecto destaca também uma realidade que desafia esta comunidade e cultura, revelando a ausência da participação dos mais jovens nas tradições, que têm vindo a ser gradualmente apagadas pelas grandes marinas e pela produção industrial. Assim, a obra de Rafael Saldanha transcende a mera expressão poética e artística, representando uma tentativa de eternizar estes trabalhadores do mar e as suas tradições.
O projecto “Raízes” reconhece a importância de preservar a cultura e a história da região. As obras e o livro estão disponíveis para venda na loja virtual do fotógrafo.
Com raízes em Penha, Rafael Saldanha iniciou a sua carreira em 2008, e trabalhou como freelancer na Prefeitura de Penha. O fotógrafo dedica-se à fotografia documental desde 2016, tendo já recebido prémios e reconhecimento pelo seu trabalho.
Entre os prémios que recebeu, estão o Concurso Transversalidades – Fotografia sem Fronteiras do Centro de Estudos Ibéricos em Portugal, na categoria Espaços Gerais, Agricultura e Povoamento, com o documentário “Los Chapoleros” Os Colhedores de Café dos Andes Colombianos (2017), o Concurso Internacional de Fotografia: Objectivo Mundo do Trabalho, presente, passado e futuro, na categoria Mulheres no Trabalho (2019) e o Grande Prémio Fotografe, na categoria Ensaio/Documental, com a obra “Raízes” sobre a pesca artesanal (2021). Recebeu ainda menções honrosas em concursos como o 13º Prémio New Holland de Fotojornalismo e o Festival Internacional de Fotografia Brasília Photo Show 2018/2019.