Fotografia: Luís Conde
Sábado ao final da tarde Safiyah – Bellydance Artist vai actuar a partir do seu confortável estúdio de dança caseiro. O espectáculo “Oriental Delight” será transmitido em directo através do Facebook da AZUL a partir das 18 horas do dia 11 de Abril.
Após o live streaming do concerto de Miguel Simões, com que mesmo no final de Março iniciámos estas “sessões de quarentena” duma forma bastante participada – vejam a quantidade de comentários e reacções dessa transmissão! –, desta feita iremos apresentar um espectáculo de dança oriental protagonizado por esta bailarina, coreógrafa e professora sediada na Ericeira.
Esta é uma forma de ajudarmos os nossos públicos e amigos a viverem o corrente período de isolamento social imposto pela pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) com arte e motivos para sorrir. Embora afastados, continuamos juntos (nem que seja online) e vamos procurar continuar estas sessões ao vivo, seja com artistas ou pessoas doutras áreas.
Aproveitem, agora, para ler a pequena entrevista em que Safiyah fala sobre o espectáculo que montou para depois de amanhã.
apenas eu e a minha arte no seu estado mais puro
Safiyah, já alguma vez tinhas feito algo deste género?
Não, nem nada parecido.
Qual é o maior desafio que encontras nesta experiência?
O maior desafio é não ter contacto orgânico com as pessoas e comunicar directamente através da dança. Será uma forma nova de interacção, pois um palco grande num festival já difere dum auditório, de um casamento, evento ou bar temático, que são os meus “palcos” habituais. Por isso, apenas terei que me adaptar a esta nova realidade, apesar de já estar habituada às câmaras embora não em directo. A outra adaptação será ao espaço e à falta de produção, o que também torna este espectáculo interessante, pois dependo totalmente de mim e da dança, sem luzes, sem trocas de roupa, sem o típico glamour que envolve um espectáculo. Sou apenas eu e a minha arte no seu estado mais puro e simples.
Podes adiantar alguns pormenores sobre o espectáculo “Oriental Delight”?
Não queria adiantar muito, até porque ainda não criei tudo e quero fazer surpresa. Quando danço a solo, danço sempre de improviso, que é como este estilo de dança deve ser apresentado originalmente, o que exige maior prática e conhecimento. As coreografias servem apenas para duetos e danças em grupo. Isso dá-me uma grande versatilidade e liberdade de expressão, apesar do risco, podendo escolher com maior proximidade dos meus espectáculos o que vou dançar e tornando a dança mais genuína e surpreendente, pois não foi nada premeditado. Contudo, vou dançar alguns temas que já fazem parte da minha pele e do meu repertório musical mais “oriental” e clássico. Será uma apresentação de cerca de 20 minutos de dança intercalada com algumas explicações breves. Apesar de ser um espectáculo com algumas limitações, não farei por menos, pois trato todas as minhas actuações com o máximo detalhe possível, seja num palco para 15.000 pessoas ou num showcase mais intimista, e adoro ambas as experiências. Até vos vou dar um aroma da minha preparação e transformação para um espectáculo.
Quando danço a solo, danço sempre de improviso
Tens conseguido continuar a trabalhar? Como têm corrido as tuas aulas online?
Sim, na verdade eu já disponibilizava aulas online, nomeadamente a particulares que não se podem deslocar ou têm horários incompatíveis com as aulas regulares ou a estrangeiras que fazem questão de aprender comigo. Isto tem sido tudo novo e uma grande mudança porque tive que parar as aulas e todas as actividades a meio de um mês e encontrar forma de cumprir e compensar os meus compromissos. Como artista, a única coisa que posso fazer agora é mesmo dar aulas online e estes pequenos showcases. Todo o meu trabalho foi cancelado e não apenas nestes meses mas nos próximos também. Tinha datas agendadas em quase todos os fins de semana até Julho e está tudo cancelado, inclusive no estrangeiro. As aulas estão a correr bem, a ter mais adesão do que esperava e o feedback também tem sido muito bom. Felizmente, tenho um estúdio privado em casa onde pratico, crio e dou algumas aulas particulares e alternativas de apoio a alunas com as condições ideais para este fim. Também tem proporcionado criar vídeos muito completos e didácticos para as alunas que serão sempre um bom apoio ao estudo e prática presencial. Será sempre uma boa alternativa e complemento, mas já morro de saudades de dar aulas presenciais e de estar no estúdio com as minhas alunas!
Como tem sido a tua quarentena?
Não me quero queixar nem transmitir um sentimento negativo porque disso já temos que chegue. Tem sido desafiante, principalmente a nível emocional. Não poder estar com a família, ver o trabalho parado, a incerteza do futuro e estar muito preocupada principalmente com os mais necessitados em todo o mundo. Por outro lado, aproveito para ver o lado positivo e estou feliz com o meu desempenho. É uma prova de superação. Difícil é manter a sensatez e humanidade quando a nossa sobrevivência é posta à prova. Basicamente, tenho conseguido ser exemplar porque vivo apenas com o meu marido e estamos os dois de quarentena. Como somos ambos muito activos e curiosos por vários interesses, temos treinado em casa, trabalhado a partir da net, desfrutado do lar e de tempo livre que não havia para fazer coisas secundárias, posto a leitura em dia e, claro, visto as séries e documentários favoritos. Evitamos ao máximo ver notícias, apenas o fazemos uma vez por dia e preferencialmente num canal neutro internacional para manter a sanidade mental perante toda esta dificuldade.
