Texto: Paulo Galvão | Fotografia: Mauro Mota
“Queremos Ser Líderes Mundiais Dentro de Dois Anos”
Começaram por trabalhar cada qual nas suas casas e mantendo reuniões através de Skype. Dois anos depois ocupam uma moradia às portas da Ericeira, a partir da qual estão prestes a conquistar o mundo, com um negócio que tem tanto de bem sucedido como de trabalhoso. A provar que a Ericeira não é só hotelaria, restauração e surf, fomos conhecer a Cardpresso, uma empresa tecnológica que exporta a quase totalidade da sua produção. João Lucas, jagoz de gema e um dos quatro sócios, faz-nos uma visita guiada por esta empresa Made in Ericeira.
Como surgiu a Cardpresso?
A Cardpresso foi fundada por quatro pessoas, três das quais ligadas ao ramo da informática e do mercado do cartão, saídas de uma outra empresa, a Number5, que era líder mundial nesta área e entretanto foi vendida a uma empresa americana. Foi assim que decidimos começar o nosso próprio negócio no campo do software de identificação: com a experiência adquirida nessa empresa, mas com um software inteiramente desenvolvido por nós. Temos orgulho em afirmar que somos a única empresa de software de identificação a ter no mercado um software que é suportado em MacOS e com possibilidade de utilização em produtos Apple.
E como é que o vosso software de raiz foi desenvolvido?
Um dos quatro fundadores esteve durante um ano e meio a fazer o desenvolvimento do produto base, do produto Cardpresso, e no início de 2012 fundámos a empresa.
De que produto estamos a falar?
O que a Cardpresso faz é software para design, impressão e codificação de um cartão plástico. Ou seja, nós não imprimimos cartões para outras empresas; nós damos essa possibilidade aos nossos clientes. O que fizemos foi desenvolver um produto que permite que os nossos clientes, comprando uma impressora de cartões, façam todo esse trabalho de impressão. Depois, cada um desses cartões pode ou não incluir ligações a bases de dados e dados a codificar, como codificação magnética, codificação de smart card, codificação sem contacto, etc.
Mais de 99% do nosso negócio é desenvolvido no estrangeiro.
Imaginemos que eu tenho uma fábrica com 10 mil trabalhadores…
Exactamente! Imaginemos que quer fazer um cartão de acesso às instalações. Das múltiplas opções que a Cardpresso providencia, o que fazemos é dar um software que permite fazer todo o design do cartão, para se imprimir esse cartão e, eventualmente, codificar dados nesse cartão, tanto na banda magnética como no chip. A forma como esses dados vão depois ser lidos já não é responsabilidade da Cardpresso.
E quem são os vossos clientes finais?
Não sabemos. É verdade… não conhecemos os nossos clientes. Temos uma ideia, mas não conhecemos 95% dos compradores. Sabemos que está a ser utilizado por muita gente, mas não sabemos quais são essas empresas, por um motivo muito simples: são os nossos 86 distribuidores espalhados pelo mundo que contactam o cliente final.
Qual é o peso do mercado português na vossa facturação?
Menos de 1%. Posso dizer que mais de 99% do nosso negócio é desenvolvido no estrangeiro, com a Europa claramente à frente, seguida da Ásia. Estamos a começar a ter uma implantação mais forte no mercado americano, depois de termos participado numa feira nos Estados Unidos.
Então as feiras são importantes…
São fundamentais. Estivemos há 15 dias no Dubai, numa feira que nos correu muito bem, e vamos daqui a uma semana para Paris, para uma feira exclusiva de cartões de plástico.
Durante o próximo ano seremos a empresa de software de identificação que mais produto irá introduzir no mercado mundial.
Qual tem sido o desempenho em termos de vendas?
O crescimento tem sido sustentado e excepcional. Conhecíamos o mercado e o que o mercado vale. Em termos globais, podemos dizer que de há um ano a esta parte, conseguimos colocar no mercado cerca de 500 pacotes ou licenças por mês.
E quanto custa cada pacote?
Depende, temos preços que vão dos €65 aos €1995. No entanto, existem depois os descontos feitos por cada um dos nossos distribuidores.
Quais são os próximos passos?
Em primeiro lugar, intensificar a nossa presença no mercado americano, asiático e no Médio Oriente. Na Cardpresso trabalham agora 8 pessoas, mas contamos no próximo ano ter um crescimento significativo, o que implica pensar em novas instalações. Gostávamos de ter algum apoio local nesse sentido, mas parece-nos difícil que isso venha a acontecer. Não queremos ajuda financeira, mas logística. Um business park ou algo do género, onde uma empresa com estas características possa crescer.
E onde é que esse crescimento vos vai levar?
Nós queremos ser líderes do mercado mundial dentro de dois anos, e é nessa base que estamos a trabalhar. Durante o próximo ano seremos a empresa de software de identificação que mais produto irá introduzir no mercado mundial. Disso não tenho dúvida absolutamente nenhuma e queremos continuar a fazê-lo a partir da Ericeira.
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