Aos nossos pequenos grandes heróis: os alunos!

Escola. - ph. Ryan Somma

 

Texto: Catarina Baleia | Fotografia: Ryan Somma

 

A maioria dos Portugueses esteve dois meses a viver uma experiência que não foi apenas imposta como inesperada.

Muitos encararam esta fase como uma fase de reaprendizagem e de reflexão.

As muitas dúvidas levaram a uma ansiedade natural, uma vez que se temia pela saúde e também pela economia.

O recuar da nossa economia teve que acontecer, inevitavelmente, em consequência do confinamento.

E agora?

agora que se abriu uma janela de esperança, tememos sair

Como seria o primeiro passo do nosso desconfinamento? Como será o segundo passo?

Da mesma forma que nos foi pedido para ficar em casa, agora devemos retomar uma nova normalidade e desta forma apoiar o nosso comércio local e nacional.

Mas existe um medo irracional: em contraste com o primeiro impacto, após o qual a maioria dos portugueses teve de responder de imediato ao confinamento, desejando que tudo terminasse, agora que se abriu uma janela de esperança, tememos sair.

Esta ansiedade e dicotomia, sentida pela maioria é legitima, natural e normal.

Queremos ver e sentir o nosso mundo, mas da nossa forma, da forma como o reinventámos, temendo mais uma vez o desconhecido, que desta feita será a dita “nova normalidade”.

Se todos nós cumprirmos o nosso dever cívico em consciência tudo poderá assumir a forma de uma normalidade mais saudável. Para tal, devemos partilhar, conversar, manter a mente e o corpo activos e questionar antes de agir.

No entanto, existe uma preocupação geral que muito tem “mexido” nas casas de muitas famílias.

Assim como a comunidade escolar foi a primeira a ser protegida através do encerramento dos espaços escolares decretado pelo Estado, é parte dessa mesma comunidade que entrou na segunda fase de desconfinamento a 18 de Maio de 2020.

A abertura das creches e do secundário tem sido alvo e motivo de alguma tensão por parte dos cidadãos, principalmente dos encarregados de educação – pais nervosos e de certa forma baralhados.

Se encararmos a situação pelo sentido cívico, podemos compreender que quem puder manter em casa os seus educandos está a tomar uma decisão consciente.

As crianças adaptam-se com maior rapidez que os adultos

Por outro lado, não havendo esta hipótese, é de extrema importância que as crianças regressem com todo o “trabalho de casa” feito, ou seja, que os pais consigam explicar bem esta nova normalidade, que estejam conscientes de todas as medidas de segurança a adoptar e que o transmitam à criança.

As crianças adaptam-se com maior rapidez que os adultos.

Estão num processo educativo e, como tal, se máscaras e novas regras de higiene farão parte do quotidianos, num futuro próximo, essas medidas farão parte dos seus comportamentos, e assim são eles os primeiros heróis a fazer cumprir de forma quase natural esta nova normalidade.

É importante que estejamos todos devidamente esclarecidos.

Se estivermos a procurar esse esclarecimento com preconceito, podemos comprometer uma informação que é preciosa. É importante ter capacidade de adaptação e resiliência, mas acima de tudo tolerância.

Escola Secundária José Saramago. - ph. DR

Escola Secundária José Saramago. – ph. DR

São princípios que devem partir dos adultos e que, transmitidos às nossas crianças, podem fazer toda a diferença neste retorno.

O recomeço da nossa actividade educativa a “meio gás” significa isso mesmo, recomeçar.

Os nossos pequeninos têm sido e são grandes heróis dos nossos dias, ensinam-nos a importância da resiliência, lembram-nos de nos reinventarmos, porque estão a crescer, e são capazes de nos mostrar muitas vezes a beleza da humanidade através dos seus gestos inocentes e emotivos.

O nosso aplauso hoje vai para eles, que mesmo com tudo diferente voltam e confiam nos seus agentes educativos.

Este regresso é um desafio

E que, mesmo sem respostas, confiam em nós adultos para que possamos agir da melhor maneira.

Um aplauso à determinação, resiliência e confiança das nossas crianças, que nos mostraram que mesmo perante um “susto” a vida é saborosa, desde que não tenhamos medo dela, e para isso temos que nos adaptar a cada desafio que ela nos traz.

Este regresso é um desafio.

Todos os dias em educação são um desafio, encaremos este como mais um.

Mantenham-se informados, seguros e com consciência cívica para que os nossos pequenos grandes heróis se mantenham fortes.