Texto e fotografia: Sónia Nunes
Caminhar pela Ericeira…
é viajar no tempo.
Viajar na beleza do que é genuíno,
do que nasce da verdade dos tempos.
A implantação oportuna,
o respeito mútuo entre Terra e o Mar.
É perceber a própria organização das gentes.
Casas de gente simples… tão simples.
Sem qualquer detalhe, para lá do essencial.
Outras, seduzem os visitantes,
com os seus apontamentos graciosos e singelos.
Depois, as casas notáveis, casas grandes,
mais ornamentadas e pensadas na sua função.
Tudo tão bonito, tão mesclado, harmonioso,
tão compacto e autêntico.
Como se este núcleo antigo da vila fosse um só corpo.
Tão saboroso de ver…
A Ericeira parece ter sido “planeada” sobre as linhas do acaso.
Como todos os exemplos mais belos que a história nos deixou.
Ruas tortuosas e estreitas que se cruzam e entrecruzam
com graça, com delicadeza.
Mostrando que, de facto, “Deus escreve direito por linhas tortas”.
A perfeição está lá. O toque do mestre…
É como caminhar… num livro de histórias de encantar.
… ou naquela vila imaginária que existe dentro de nós.
… pela familiaridade, pela escala próxima e humana.
Tantos detalhes, pormenores para perder o olhar.
Dá vontade de desenhar tudo, pintar tudo, registar cada pedacinho
na caixa de memórias das coisas bonitas que vemos na vida…
Nada está em exagero, tudo existe na medida certa.
E depois a serenidade, a beleza do conjunto
dada pela pintura homogénea do branco e do Azul “Ericeira”.
Que casam na perfeição… e pintam a alma jagoz.
Não há outra vila como esta…