Texto e fotografia: Catarina Baleia
O ano lectivo começou com a certeza de que seria incerto.
Como profissional de educação, e no que me compete, posso falar dos nossos pequenos jovens entre os 10 e os 16 anos.
As incertezas foram sendo colmatadas à medida que as semanas foram passando, os dias foram trazendo a clareza de uma rotina que já é efectiva em todos nós.
aceitar a rotina como um acto importante de prevenção e altruísmo
O importante trabalho que fizemos com as crianças foi no âmbito da cidadania, foi no âmbito de aceitar a rotina (ou seja, as quatro regras fundamentais) como um acto importante de prevenção e altruísmo: uso de máscara, distanciamento social, etiqueta respiratória e lavagem regular das mãos.
A nova rotina levanta questões, levanta debates entre as crianças e os seus educadores, e é nestas pequenas partilhas que ela se tornam – e nos tornam – mais fortes.
O olhar para a História da humanidade tornou-se fundamental, o que permite aos trabalhadores de educação momentos de aprendizagem únicos: na ausência dos abraços, as mentes abraçam-se e os nossos pequenos heróis estão mais conscientes das emoções humanas do que algum dia estivemos nós na idade deles.
além da Covid-19, a vida segue, embora com muitas regras e restrições
Conscientes de civismo, de justiça, de igualdade e de saúde. Saúde não apenas pela ausência de doença, mas também pelo bem-estar mental e social.
Saber gerir o cuidado a ter com o vírus que nos virou a vida ao contrário, saber também apoiar e cuidar na distância os seus amigos.
Neste momento são muito poucos aqueles que não contactaram ou não conhecem alguém que esteja ou já tenha estado infetado com Covid-19.
E, além da Covid-19, a vida segue, e segue com muitas regras, com muitas restrições. No entanto, face a cada uma delas, devemos orgulhar-nos das nossas crianças, que todos os dias se levantam com vontade de aprender, uma vontade porventura ainda mais motivada do que antes.
ouvir as novas gerações é um acto de sabedoria
Eles também se sentem cansados, e se por um lado querem fazer parte, e fazem, da resposta a esta pandemia, também precisam de ser cuidados, de ser acarinhados e protegidos. E o mais magico é que também eles adoptaram a postura de cuidar dos adultos, numa partilha única de gerações, onde saem reforçados os laços que certamente irão perpetuar nas suas vidas adultas como um reforço muito positivo.
Esta é a próxima geração, o futuro, e com eles devíamos ser orgulhosos dos valores que lhes transmitimos numa sensibilidade incomum em olhar a beleza das coisas simples da vida, quando esta se apresenta complexa.
Educar é essencial. Ouvir as novas gerações é um acto de sabedoria da nossa parte.